quarta-feira, 22 de junho de 2011

Do ABC ao Quartel de Bombeiros

Depois de duas semanas sem ler ou escutar noticias sobre o Brasil, durante o merecido isolamento romântico da minha “Lua de Mel”, me deparo com inúmeras notícias sobre a greve dos Bombeiros do estado do Rio de Janeiro. De todas as noticias que tive acesso nas redes sociais e nos jornais online, a que mais me espantou foi ler que mais de 400 bombeiros tinham sido presos durante uma manifestação.

No final da ditadura militar no Brasil, um dos episódios mais interessantes e simbólicos foi a greve dos metalúrgicos do ABC paulista em 1980. A greve iniciou em março de 1980, durou mais de 40 dias e teve a participação de 160 mil trabalhadores, transformando-se num marco na história das lutas trabalhistas no Brasil.

Durante essa manifestação alguns dos líderes sindicais foram presos, inclusive um que anos depois se tornaria Presidente da República. No entanto, nada chegou perto das mais de 400 prisões ordenadas pelo governador Sérgio Cabral. Esse número é inédito na historia da luta sindical brasileira e um marco da crescente criminalização dos movimentos trabalhistas e sociais.

Felizmente, chegando ao Brasil, recebi a boa notícia de que a população tinha tomado posição em favor dos bombeiros presos e, diferente do governo estadual, os considerava como heróis e não como bandidos. Apesar disso, é preocupante como a criminalização dos grevistas pelo governador atingiu um patamar tão elevado.

O governador Sérgio Cabral tem o hábito de chamar os integrantes de qualquer tipo de manifestação contraria ao seu governo de "vândalos" e/ou “vagabundos”, mas depois de mandar o BOPE invadir o quartel tomado pelos grevistas e suas famílias o adjetivo de “vândalo” é merecido pelo próprio e não pelos grevistas.

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