terça-feira, 8 de março de 2011

Toda pizza tem data de validade


Por mais que haja alguma força e tendência para repressão, a humanidade tende à liberdade. As pessoas gostam de liberdade, de exercer o livre arbítrio, de conquistar e desfrutar o que a elas pertence. De escolher. Eu gosto. Tu gostas. Ele gosta. Ela também, assim como nós e vós. Como poderia esquecer que elas e eles gostam. As revoltas populares no Oriente Médio e no norte da África são mais um exemplo de que coação, repressão, imposição, constrangimento têm data de validade, e logo logo apodrecem, como pizza velha na padaria.

Pode durar muito tempo, é verdade. Pode, lamentavelmente, custar vidas de inocentes e não-inocentes, gerar mal-estar em algumas gerações limitadas a fazer o que “superiores” ordenam, mas opressão nunca supera a liberdade e a verdade, por mais que os conservantes prolonguem a vida opressora.

O que é verdadeiro não apodrece. O que faz bem rejuvenesce. O que é certo prevalece e cura os estômagos danificados pelas salmonellas. Por mais que as injustiças assustem e efemeridades conturbem, a verdade orienta tudo como deve ser, e a liberdade, como o bom filho, à casa retorna.

Vejamos o exemplo do ditador Muammar Kadafi, há 42 anos no poder da Líbia (ex-colônia da Itália, de onde surgiu a pizza). Ele está prestes a deixar o cargo, conforme aconteceu com Muhammad Mubarak, no trono do Egito por 30 anos, até não aguentar a pressão popular pela liberdade. Os ventos antiditadura sopram também contra outros tronos, como do Kuwait, Omã e Tunísia.

Claro, os procedimentos pós-ingestão de alimento contaminado com bactérias devem ser cuidadosamente estudados e operacionalizados, para fortalecer o paciente e permitir que a boa saúde se estabeleça e garanta o bom ambiente para florescimento da vida, através de adequados nutrientes. Por isso, o período pós-ditadura requer uma sólida e responsável assistência em relação ao povo e aos organizamos sociais daqueles países, caso contrário a euforia da liberdade será sucedida pela incerteza de salmonellas despreocupadas com o bem-estar da população.

[Bem-estar até poderia ser um termo-chave nos discursos e políticas públicas, assim como observamos a utilização de palavras tais como “progresso”, “inovação”, “desenvolvimento”. Afinal, para que tanto investimento senão para aperfeiçoar a vida social, permeada de satisfação humana? Por isso, costumo dizer que o modelo desenvolvimentista precisa ser acompanhado em todo o processo pela adequação ao bem-estar humano -quem não gosta de bem-estar, favor levantar a mão. Eu gosto. Tu gostas. Ele gosta. Ela também, assim como nós e vós. Como poderia esquecer que elas e eles gostam?].

Deixe-me citar o exemplo das mulheres, no que diz respeito à liberdade. Há poucos anos, a figura feminina se limitava à sombra masculina, que provia o lar e orientava, muitas vezes rigidamente (como monarcas árabes) o contexto familiar. Para o bem, inclusive dos homens, a mulher hoje é ativa socialmente, estuda, trabalha, aprende, se aperfeiçoa, vive além dos limites impostos no período anterior.

Eu diria até que a opressão é como sucesso de momento, solidificado por bases de areia: se desfaz como paçoca na mãe de criança, sem deixar parâmetros de como era a estrutura anterior. E após o (relativo) breve percurso, os responsáveis pelas coações e constrangimentos serão julgados, ainda que informalmente, como aproveitadores e insábios. Ainda que a fortuna (ou outras vantagens)acumulada (as)seja (m)considerável (veis), acredito que a imagem pública e a autoavaliação ocupem pontos proporcionalmente opostos na escala da grandeza humana.

Hoje, sobram livros que abordam o papel do verdadeiro líder: aquele que cultiva em si e nos liderados os valores de caráter, honestidade, transparência, ética, bem-estar individual e coletivo, clareza... tudo isso sem opressão. Este líder se difere do antigo “líder”, ou melhor, do chefe, termo já retardatalho, pois preserva conceitos que não satisfazem os interesses das modernas organizações sociais. O tradicional chefe [mais inflexível, disciplinador e pouco criativo] até é capaz de administrar [relativamente] bem uma organização, mas falha na gestão de pessoas.

Por mais que demore um pouco além do esperado, a liberdade sempre supera as opressões, pelo menos é o que a história tem sussurrado gritado nos nossos ouvidos. E acredito que esta lei natural deva permanecer, pois verdade que é verdade não muda para se adaptar ao momento, como fazem mentiras fantasiadas de verdades... até porque, como já dizia Marcelo Camelo: “todo Carnaval tem seu fim”. E se pizza fosse saudável, em vez de refrigerante, outro líquido seria a combinação perfeita para ela.

Um comentário:

  1. Não falou nada com nada, mensagem sem pé e nem cabeça, o que isso tem haver com validade de pizza meu Deus do céu ?!

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